quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Anabela Martins


Anabela Martins Diz:

Entrei para o Filipa em 57, fui sempre emblema rosa. Eu era uma miúda um pouco introvertida, que lia muito e via as coisas já com outro olhar (muito irónico quando era preciso). Por isso não me lembro de ter “sofrido”, mas ,sim, de me ter divertido com os terços da Virgínia Paraíso e os piriquitos, à volta, a fazer piriquitinhos e as miúdas a esconder o riso em tosses e assoadelas!… Inesquecível. Ao jantar, os meus pais e o meu irmão riam a bom rir.
Lembro-me da Zulmira Marques a quem admirava: ela olhava para o tecto e assim resolvia, passo a passo, expressões de quilómetro; também assim ditava expressões e equações como TPC e, para grande maravilha, às vezes, emendava: Aí onde eu disse 4 ponham 7, se não, não dá conta certa!!!
Lembro-me duma professora de Artes Plásticas (actividade da Mocidade Portuguesa) que era… uma das pessoas mais contra-regime que conheci!!!!Ela era suponho que arquitecta, tinha um subtil gosto muito moderno, entre o audacioso masculino e o “frileuse”, muito estilo mas un peu étrange para a época. Fazíamos obras-primas e obras-segundas e terceiras e era um tempo super agradável – contar anedotas de Salazar e modelar o barro ou pintar… Tudo em segredo, muito cúmplice, entre nós e ela.
Podia contar muito mais. Apenas direi que quem considero ter sido a mais excepcional professora da minha vida a tive no Filipa de Lencastre: Aliete Galhoz, uma pessoa sensível e uma mulher de cultura que abria portas na cabeça de quem assistia às suas aulas ou com ela tomava um cafezinho na Pastelaria Capri.
Houve, por exemplo, um período lectivo em que não fez “pontos”, fomos classificadas por um trabalho de pesquisa com apresentação em aula. Que me dizem a isto, naquele tempo?
Que saudades.
Colegas lembro muitas, algumas em especial: por exemplo, a Verneck pela traquinice, outras quando meninas, pela amizade que ainda hoje mantenho.

Sem comentários: