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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

LFL: Outra relíquia

Mais uns rostos da mesma era. Encontrada (pelo anónimo autor do comentário no post anterior) no acervo da Fundação Cuidar o Futuro com a legenda: MLP com colegas do Liceu D. Filipa de Lencastre. MLP é Maria de Loudes Pintasilgo, já aqui inventariada.
In http://www.arquivopintasilgo.pt/. Desta feita a autorização foi pedida. Se este post for retirado é porque o "furto" não foi autorizado...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

LFL: Mais uma relíquia

O ano é uma incógnita, mas nítidamente dos primordios: eis a farda e os rostos. Onde foi encontrada acompanhava uma legenda : Liceu D. Filipa de Lencastre. Aqui, antigo 3º ano (7º actual?). Bata branca, abotoada nas costas (raras excepções). Emblema do liceu no lado esquerdo da bata, emblema da Mocidade Portuguesa no lado direito (em caso de extravio, falta de castigo). Calças, proibido; mangas curtas, proibido; bata sem cinto, proibido.
Publicada por Maria Eduarda Colares em 3/11/2007 em http://detesto-sopa.blogspot.com/2007_03_01_archive.html
À autora peço desculpa pelo abusivo "roubo" mas não encontrei no seu blog um email para pedir a devida autorização. Quando aqui nos encontrar, se desejar a remoção bastará um email à caixa deste blog. Obrigado.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

De Quem Por Cá Passou VII: Simone de Oliveira

Duvido que alguém soubesse que Simone também se sentou nestas carteiras na sua juventude.

Consta que do seu comportamento ficou a memória de uma irreverência já então marcada.
A rebeldia de quem um dia, enquanto estudante no Liceu Filipa de Lencastre, fez uma espera à professora de Inglês por esta a ter mandado para a rua por falta da bata - um acessório que o regime de então impunha a todas as alunas em nome do decoro…

sábado, 5 de janeiro de 2008

De Quem Por Cá Passou VI: Maria Elisa

Maria Elisa Domingues, apresentadora da RTP nos anos em frequentávamos nós este Liceu, foi também aqui aluna.

Na gravura – que hoje excepcionalmente substitui a habitual nesta crónica -, representando «O Urso» de Tchekhov, em 1967, numa festa de finalista do Liceu.

Durante os sete anos que passei pelo Filipa de Lencastre, não era permitida a presença de rapazes a menos de 500 metros do liceu.

in Expresso, Ed.1768.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

De Quem Por Cá Passou V: Maria de Lourdes Pintasilgo

Maria de Lourdes Pintasilgo foi outra aluna ilustre do Liceu Filipa de Lencastre.

Em 1941, aí inscrita, chegou a chefe de falange da Mocidade Portuguesa…

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Liceu D. Filipa de Lencastre: A Génese

O Liceu Filipa de Lencastre foi criado no dia 21 de Setembro de 1928, para descongestionamento do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho que, no ano anterior funcionara com 838 alunas, número incomportável para o edifício em que estava instalado. Para iniciar o seu funcionamento, o Estado comprou um palácio brasonado à família Corte-Real na rua do Quelhas, nº 36.

Em 1934, esta secção alargou-se para a rua de S. Bernardo, nº 16, 1º e 2º andares, e para um anexo ao nº 14 desta rua. Em Janeiro de 1936, 540 alunas frequentavam este estabelecimento de ensino. O espaço apesar de ocupar já dois edifícios, tornava-se pequeno para tanta gente.
Por ocasião de uma sessão comemorativa do 1º Dezembro, no ano de 1937, a Reitora da escola, D. Maria Margarida da Silva, convida o então Ministro da Educação, Dr. Carneiro Pacheco, a deslocar-se ao edifício da rua de S. Bernardo. O Ministro ficou impressionado com a pobreza e o acanhamento das instalações e, ao retirar-se, afirmou: De hoje a um ano estarão noutro edifício.


A promessa cumpriu-se, mas não na data prometida.

Em 21 de Março de 1938, esta secção do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho passou a ter existência oficial no mesmo local, com a designação de Liceu Nacional D. Filipa de Lencastre. Em Fevereiro de 1931, tinha sido iniciada a construção de um edifício destinado a uma escola, no Bairro do Arco do Cego.

À frente dos destinos das obras públicas em Portugal Salazar colocou Duarte Pacheco. A partir de 1932, este engenheiro com funções de ministro gizou e mandou executar projectos viários e urbanos e encontrou em alguns arquitectos portugueses projectistas que corresponderam aos seus planos. Logo no início da década, Carlos Ramos assina o projecto para o Liceu D. Filipa de Lencastre, que, de par com tantos outros projectos de Liceus nacionais, marcava um desejo de espaço, de ordenação dos volumes, de apego a linhas modernas e funcionais. É já neste contexto que, em 1929, Carlos Ramos projecta o Liceu D. Filipa de Lencastre na rua do Quelhas, do qual apenas se construiu o pavilhão desportivo, com uma composição ainda simétrica mas revelando um desejo quase futurista na expressão volumétrica.

O Liceu foi depois projectado em 1932 por Jorge Segurado e construído entre 1933 e 1937 e inaugurado em 1940. Nesse ano, em 25 de Maio 1940, aí se deu início ao II Congresso da União Nacional, onde ficou registado para a História um célebre discurso de Salazar sobre A Preparação Nacional para o Pós Guerra.

Os Liceus de Lisboa e de Beja, projectados em 1930, são os primeiros exemplos da aposta de Duarte Pacheco na arquitectura como instrumento de promoção do regime constituindo, por isso, uma espécie de modelos que só seriam substituídos com o explendor nacionalista da Exposição do Mundo Português de 1938. Jorge Segurado no Liceu D. Filipa de Lencastre, relaciona o desejo de modernidade com o pitoresco do bairro social do Arco do Cego que envolve o conjunto. O lote é rigorosamente ocupado sujeitando a volumetria a um corpo quadrado com pátio e a um ginásio colocado a eixo com a entrada, não conseguindo evitar deste modo a composição simétrica.

Este edíficio vem finalmente dar cumprimento à promessa de Carneiro Pacheco. Em 10 de Novembro de 1939, o Ministro da Educação à data lavra o auto de entrega do edifício ao Liceu D. Filipa de Lencastre. No ano lectivo de 1940/1941 funcionou, já no Bairro do Arco do Cego, com 924 alunas.

Em 22 de Novembro de 1979, o Liceu passou a designar-se por Escola Secundária D. Filipa de Lencastre.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

De Quem Por Cá Passou IV: Maria de Lourdes Modesto

Outra passagem ilustre, desta vez como Professora, a autora do melhor e mais honesto levantamento da Cozinha tradicional portuguesa: Maria de Lourdes Modesto.

Quando acabei o curso fui trabalhar no Instituto Médico-pedagógico Condeça de Rilvas, que albergava crianças com deficiência mental. Mas como tinha de leccionar durante três anos, fui dar aulas para o liceu Filipa de Lencastre.


In: (salvo erro) entrevista à Gente, em ano incerto.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

De Quem Por Cá Passou III: Natália Correia


Natália de Oliveira Correia nasceu na Ilha de São Miguel, nos Açores, a 13 de Setembro de 1923.

Estudou no Liceu Antero de Quental até 1934, ano em que se mudou para o Liceu D. Filipa de Lencastre, em Lisboa.

domingo, 2 de dezembro de 2007

De Quem Por Cá Passou II: Ana Maria Caetano


Da única filha de Marcello Caetano, a “Primeira Dama” emprestada a um Estado Novo reformista, ficaram memórias gratas da passagem por este Liceu.

Completada a instrução primária, Ana Maria entrou para o Liceu Filipa de Lencastre, onde se relevou rebelde e mal comportada para os padrões rígidos da época. Estava constantemente a ser chamada à reitora, por sair da sala antes do toque da campainha e correr escadas abaixo, corredores fora, na ânsia de ser a primeira a chegar à sala de jogos e «ganhar» a mesa de pingue-pongue. A que chegasse primeiro era «dona» da mesa, obrigando as colegas a ficar em fila, à espera que ela se fartasse e as deixasse jogar. A sua companheira de tropelias era Isabel Barahona Fernandes, filha do psiquiatra com quem Marcello repartia a dúvida de saber qual das duas seria a pior. Um dia atiraram uma barata morta para dentro da sala de aulas, quando a professora ia a entrar, provocando o alarido que se pode imaginar.

Ana Maria ia muitas vezes brincar com Isabel para casa dos Barahona Fernandes. A casa era no Hospital Júlio de Matos, de que o psiquiatra era director, o que levava os irmãos, encarregados de a acompanhar à porta, a dizer no gozo que a iam levar ao tratamento. Era uma vivenda isolada, de dois pisos, situada no perímetro do hospital, longe das enfermarias, no rés-do-chão da qual habitava o pianista Vianna da Motta, sogro de Barahona Fernandes.

A agitação constante das duas raparigas não podia dar bom resultado: no 5º ano (actual 9º), Ana Maria chumbou a Ciências e, entre lágrimas e suspiros, pediu à mãe para deixar de ir ao liceu e passar a estudar em casa. Não fora a circunstância de ser rapariga e a brincadeira teria tido outras consequências. Marcello ainda ralhou, mas acabou por concordar, depois de negociar com a filha uma aposta pesada: 500 escudos para dispensar às orais do 7º ano (equivalente ao actual 11º e que na altura era o fim do ensino secundário). O estudo passou a ser orientado por uma professora multidisciplinar, assessorada por «mademoiselle» Roger - que ensinava francês, história e geografia - e uma preceptora inglesa. Ana Maria acabou por ganhar a aposta e perceber, pela primeira vez na vida, o que era isso de estudar.


In: Expresso Revista 23/6/2001.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

De Quem Por Cá Passou I: Alice Vieira


A memória dos sítios é a da alma de quem lá passa. A justificar este Blog, volta e meia aqui hei-de deixar a notícia de quem passou por este Liceu e as palavras cúmplices dessa confissão. De contemporâneos ilustres, alunos ou mestres, algumas surpresas inesperadas, de que poucos saberão ter sido colegas ou discípulos – mesmo que desfasados na geração.

Pela origem de Escola feminina, ninguém se admirará se predominarem as senhoras…

E hoje aqui deixo Alice Vieira, a autora de muitos dos contos com que nos acordaram a infância. São dela as memórias:

A minha infância, acho que só começou quando entrei no Liceu Filipa de Lencastre e pela primeira vez brinquei com gente da minha idade.
In: Antologia Diferente: De que são feitos os sonhos? Alice Vieira, Areal Editores, 1986, pág. 183

Nos tempos pré-históricos em que andei no Liceu Filipa de Lencastre, tive uma professora de Física, chamada Adelaide Graça, que nos tratava a todas por "monstros". "Ó meu monstro, então tu não vês que isso é um disparate?". "Anda cá, meu monstro, que fizeste um óptimo trabalho!"
“Às vezes levava o requinte ao ponto de nos dar leves palmadas nas mãos com o ponteiro. E o que nós gostávamos dela! E como aquele" monstro" nos aquecia o coração!
Quando lhe cabia a missão de vigiar exames ou de fazer orais, lá vinha o "monstro" para nos fazer sentir à vontade " Vá lá, meus monstros, que só têm mais um quarto de hora!", "Ó meu monstro, eu sei que tu sabes, ora pensa lá bem!".
E aquilo era o suficiente para nos tranquilizar. E o exame corria muito melhor.

In Jornal de Noticias, 27 de Maio de 2007 crónica de Alice Vieira

Os sete anos que passei no Liceu Filipa de Lencastre foram dos melhores da minha vida. Chegava a inventar aulas que não existiam só para poder ficar lá mais tempo.
In Autobiografia, Alice Vieira