sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Liceu D. Filipa de Lencastre: A Génese

O Liceu Filipa de Lencastre foi criado no dia 21 de Setembro de 1928, para descongestionamento do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho que, no ano anterior funcionara com 838 alunas, número incomportável para o edifício em que estava instalado. Para iniciar o seu funcionamento, o Estado comprou um palácio brasonado à família Corte-Real na rua do Quelhas, nº 36.

Em 1934, esta secção alargou-se para a rua de S. Bernardo, nº 16, 1º e 2º andares, e para um anexo ao nº 14 desta rua. Em Janeiro de 1936, 540 alunas frequentavam este estabelecimento de ensino. O espaço apesar de ocupar já dois edifícios, tornava-se pequeno para tanta gente.
Por ocasião de uma sessão comemorativa do 1º Dezembro, no ano de 1937, a Reitora da escola, D. Maria Margarida da Silva, convida o então Ministro da Educação, Dr. Carneiro Pacheco, a deslocar-se ao edifício da rua de S. Bernardo. O Ministro ficou impressionado com a pobreza e o acanhamento das instalações e, ao retirar-se, afirmou: De hoje a um ano estarão noutro edifício.


A promessa cumpriu-se, mas não na data prometida.

Em 21 de Março de 1938, esta secção do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho passou a ter existência oficial no mesmo local, com a designação de Liceu Nacional D. Filipa de Lencastre. Em Fevereiro de 1931, tinha sido iniciada a construção de um edifício destinado a uma escola, no Bairro do Arco do Cego.

À frente dos destinos das obras públicas em Portugal Salazar colocou Duarte Pacheco. A partir de 1932, este engenheiro com funções de ministro gizou e mandou executar projectos viários e urbanos e encontrou em alguns arquitectos portugueses projectistas que corresponderam aos seus planos. Logo no início da década, Carlos Ramos assina o projecto para o Liceu D. Filipa de Lencastre, que, de par com tantos outros projectos de Liceus nacionais, marcava um desejo de espaço, de ordenação dos volumes, de apego a linhas modernas e funcionais. É já neste contexto que, em 1929, Carlos Ramos projecta o Liceu D. Filipa de Lencastre na rua do Quelhas, do qual apenas se construiu o pavilhão desportivo, com uma composição ainda simétrica mas revelando um desejo quase futurista na expressão volumétrica.

O Liceu foi depois projectado em 1932 por Jorge Segurado e construído entre 1933 e 1937 e inaugurado em 1940. Nesse ano, em 25 de Maio 1940, aí se deu início ao II Congresso da União Nacional, onde ficou registado para a História um célebre discurso de Salazar sobre A Preparação Nacional para o Pós Guerra.

Os Liceus de Lisboa e de Beja, projectados em 1930, são os primeiros exemplos da aposta de Duarte Pacheco na arquitectura como instrumento de promoção do regime constituindo, por isso, uma espécie de modelos que só seriam substituídos com o explendor nacionalista da Exposição do Mundo Português de 1938. Jorge Segurado no Liceu D. Filipa de Lencastre, relaciona o desejo de modernidade com o pitoresco do bairro social do Arco do Cego que envolve o conjunto. O lote é rigorosamente ocupado sujeitando a volumetria a um corpo quadrado com pátio e a um ginásio colocado a eixo com a entrada, não conseguindo evitar deste modo a composição simétrica.

Este edíficio vem finalmente dar cumprimento à promessa de Carneiro Pacheco. Em 10 de Novembro de 1939, o Ministro da Educação à data lavra o auto de entrega do edifício ao Liceu D. Filipa de Lencastre. No ano lectivo de 1940/1941 funcionou, já no Bairro do Arco do Cego, com 924 alunas.

Em 22 de Novembro de 1979, o Liceu passou a designar-se por Escola Secundária D. Filipa de Lencastre.

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