Rememorei já aqui no Blog, seja em forma de histórias, seja em fotografias, as imagens de alguns dos filipados que pertenceram às turmas por onde passei nos cinco anos de Filipa. Integraram um núcleo de amigos que então se formou (com gente de outras turmas e anos) e que, salvo poucas excepções, se manteve mais ou menos aceso e em contacto, nuns casos mais frequente ou intenso, noutros mais esporádico ou remoto. Mas, além dos que desse grupo continuei a ver, fazem parte da recordação filipada das turmas a que pertenci muitos outros Colegas de então, cujo rasto quase completamente perdi (com uma ou outra excepção).
Sem preocupações de exaustividade, ao sabor da memória e sem qualquer organização cronológica, aqui fica o exercício:
- A Joana V., inteligência prodigiosa, senhora das melhores notas da aula, conciliando porém isso (ao contrário do que acontecia com outros marrões) com uma vida e personalidade cheia de côr e interesses, desporto, música, teatro, livros, cinema, imprimindo a todos os seus movimentos uma extraordinária agilidade e decisão, escrevendo maravilhosamente, sabendo já muito bem o que queria; a Sofia G., linda de morrer, mais velha, sempre mais arranjada, e que, once in a while, quebrava a distância e atirava um piropo qualquer de que não estávamos à espera, semeando o desnorte (ah, como me soube particularmente bem um desses rebuçados, percurso Filipa-Flôr numa manhã de nevoeiro, tanto, que ainda o recordo hoje); a Marta C., que aparece numa fotografia no Blog (aqui), e que tinha uma imensa raça; a Adelaide, uma morena simpática de olhos invulgarmente bonitos, grandes pestanas, também óptima aluna, que se sentava na carteira em frente da professora e que andava sempre com calças à boca de sino; o Alexandre, que me ajudou a dinamizar a rapaziada do futebol do 8º ou 9º ano para formar uma cooperativa para comprar uma bola como deve ser (cada um deu 40 paus e comprou-se uma Mikasa numa loja de desporto ali ao pé, onde também (mais tarde) se tiraram muitas das fotocópias dos comunicados das listas à associação); o Francisco A., permanentemente sarcástico; o Dionísio, grande ás da bola e das futeboladas no terraço; a sua irmã Isabel, simpática, simpática; o Sales Lane, tipo muito amável, sempre afogueado e avermelhado dos calores dos futebois do intervalo; a Xana, que me convenceu um dia a treparmos para o telhado da cobertura do pátio interior do liceu para aí melhor conversar; o Pitecos Leotte, que me introduziu nos primeiros sons do hardrock, apresentando-me os Saxon, os Def Leopard, Thin Lizzy, ZZ Top, Ozzy Osbourne, Rose Tatoo e Michael Schenker, para mim até então totalmente desconhecidos; a Helena V., que tinha uma grande onda e foi uma das protagonistas da história do chapéu-de-chuva, já aqui contada; a Alexandra MP, mais velha também, distante e low profile, mas que um dia qualquer se passou e pôs toda a aula a rir com um diabólico despique que resolveu ter com a professora de relações públicas; a Alexandra R., de belos caracóis castanhos, que um dia deu uma festa que se tornou memorável, não pela festa em si mesma, a que a maior parte não assistiu por não ter sido convidada, mas pelas surreais e felinianas cenas que se passaram à porta do prédio respectivo; A Ana G, sempre muito amável, dava umas festas bestiais ali para os lados da Av. EUA; o Luís M., António F. e Ricardo A., danado triunvirato que prometeu ajudar na organização de uma das festas da associação, mas que no dia aprazado se baldou, deixando-me e ao João Marchante sozinhos a braços com a coisa; o Henrique alemão, com cara e temperamento de alemão, cuja família tinha uma galeria de arte (?) ali para os lados da Flôr; o Alexandre M., um curioso filósofo que vestia sempre de preto, com um já impressionante bigode numa altura em que todos eram ainda quase imberbes; e… caramba, memória traz memória e, afinal, lembro-me de muito mais pessoas do que imaginava. Melhor acabar por aqui o post, que se faz longo.
1 comentário:
Já estava com saudades das descrições de tão viva memória, registadas em tão requintada prosa que o 79-84 nos habituou.
Ainda bem que voltaste, a tua presença neste blog é obrigatória.
Esperamos que nos continues a presentear com música e textos que nos embalem e nos reportem para tempos Filipados.
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