A propósito de “festinhas”, talvez das que eu melhor recorde, à semelhança das de lá de casa, são as que tinham lugar em casa dos BT, num primeiro andar de uma rua em círculo, ali ao Bairro de S. Miguel (aliás, já aqui descritas pela Graça M).
Nessa altura, e falo de 79 e 80, não era o Francisco BT (emérito pai deste Blog) que nos convidava para as festas, mas antes o seu irmão Diogo (por onde andas, velho amigo, que se te não lê nem vê post algum ?), de quem eu já havia sido colega na E.A.M, antes do Filipa. O Francisco, uns anos mais velho, só aparecia nas festas para nos dar uns calduços, enfiar as coxas de frango do jantar na gelatina e para se armar aos cucos. Eram umas festas de arromba, que começavam às 7.00 da tarde, às vezes ainda com luz do dia (embora convenientemente tapada pelos estores corridos), e iam até à extraordinária (e para nós nessa altura madrugadora) hora da meia-noite. Tínhamos 12 anos ou por aí. Nomes filipados, lembro, pelo menos e para além do Diogo, os da Inês RR, Bel, Tiago PC, Tomás B, Luís AM, Carlota, Rita e Esther A. (?), Domingos FA (quem era mais, Diogo ?).
A preparação da coisa era logo uma cegada das grandes e iniciava-se a seguir ao almoço: havia que preparar as luzes – latas de nesquick ou nilo com lâmpadas lá dentro e com as aberturas cobertas a celofan, cada um da sua côr, conectar os fios todos ao piano de luzes, uma tábua com tantos botões e interruptores quantas luzes, nalguns casos mais sofisticada, com arrancadores e mesmo com pequenos motores para produzir a intermitência e o efeito de estroboscópico; havia que trazer a aparelhagem para a sala da festa, fazendo com uma mesa pequena uma espécie de posto de DJ; colocar os Lp’s e os singles por ordem; retirar os móveis; espalhar almofadas; e tudo isto à mistura com muita graçola e laranjinas ou pirulitos.
Aproximava-se, então, a hora e o programa era ir para a varanda, ver vindo quem chegava, atirar logo lá de cima para a rua as habituais bocas e chalaças. Era altura de começar a música. Todas as já aqui, aqui, aqui e aqui mencionadas e outras ainda. Formavam-se grupinhos, sondavam-se namoros, ria-se e começava-se a dançar, em roda, rapazes de frente para as raparigas, os com mais jeito para a coisa fazendo fosquinhas, imitando o John Travolta, ajoelhando e rodopiando, com elas a responder. Havia um ou outro que querendo sobressair, punha um gadget qualquer (lembro-me bem de um F. que dançava de óculos escuros espelhados, e que, portanto, não via nada, porque a sala já quase não tinha luz). Lá pelo meio da festa jantava-se, mas a música e as danças nunca paravam.
E chegava, então, o melhor, os slows, a dança aos pares, agarrados, loucas proximidades que nos deixavam extasiados e arrebatados, as primeiras festinhas no cabelo, os primeiros beijinhos, segredinhos, os pedidos de namoro. Tocavam sempre os Eagles (Hotel Califórnia), os Chicago (If You Live Me Now), os Bee Gees, etc. Havia um ou outro slow que era terrível (lembro-me do Music, do John Miles), pois pelo meio da música mudava o ritmo e tínhamos de nos largar e dançar de outra forma (embora sempre houvesse aqueles que indiferentes ao ritmo saltitante continuavam agarrados). E os pares que se tinham formado lá se iam espalhando pelas almofadas, às vezes em apaixonado solilóquio, outras em grupos, combinando já a festa seguinte, uma ida ao cinema, etc.
Pela ½ noite chegava a muito temida e detestada hora, os pais vinham-nos buscar e, de repente, via-se alguns a comer pastilhas elásticas para esconder o cheiro a cigarro (embora sem travar, mesmo só para armar ao pingarelho, havia já um ou outro que fumava Kentuckys (comprados) ou SG's (gamados aos pais ou irmãos mais velhos) às escondidas, na varanda). E assim acabava mais uma festa dos BT.
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