sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Filmes...do Duarte NA

Um dos posts do João Marchante, clamando pela presença do Duarte NA, trouxe-me à memória algumas imagens animadas do mesmo DNA na altura do liceu, que não resisto a aqui compartilhar:
Estou a ver nitidamente o Duarte, lá pelos anos de 82 ou 83, com o seu casaco de ganga azul e gola de lã branca, sentado na Mexicana à mesa de uma já vetusta senhora (que o João M. um dia tinha dito tratar-se de uma famosa poetisa), com a cara toda pintada, encarniçada e sarapintada (como só as senhoras idosas da Avenida de Roma ainda conseguem ter), tentando perguntar-lhe pelos poemas (em busca de um momento de absurdo e ridículo para se divertir com os amigos, nós, sentados em mesa ao lado), nada conseguindo, porque ela só lhe falava das suas doenças e achaques, não parecendo perceber nada daquela conversa sobre poesia em que o Duarte insistia.
E a cena que foi quando um velho revolucionário, de barba hirta e comprida, já todo branco, também habitué da Mexicana, se juntou a eles e, percebendo o pouco ortodoxo intento do Duarte, desatou aos berros com ele, brandindo o chapéu de chuva e acabando mesmo por tentar dar-lhe com ele na cabeça, perante o ar indignado do Duarte que insistia no reconhecimento público da literatura lírica da senhora.

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E numa aula do 11º ano, em que o Duarte e a Helena simularam autêntica feitiçaria, conseguindo que um chapéu de chuva (desses que se abrem automaticamente com um toque numa mola) se abrisse a cada vez que a professora se levantava para escrever no quadro, provocando a gargalhada geral e levando a que a desesperada professora, depois de sei lá quantas vezes se deslocar lá atrás da sala para voltar a fechar o chapéu, acabasse por perder as estribeiras atirando o chapéu pela porta da sala fora.
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E com a mesma professora, em aula de dia de Carnaval (em que o Bispo, sabe-se lá através de que extraordinárias manhas, conseguiu convencer a senhora a pôr uma saladeira na cabeça e assim iniciar a lição, perante o gozo e jocosa satisfação dos pupilos), o episódio do petardo...
É que o Luís AM, devidamente instruído e combinado com o Duarte, foi por fora do liceu e, da rua, atirou pela janela, providencialmente apenas encostada nesse dia, uma daquelas bombas de Carnaval que já faziam um barulho danado, a qual rebentou mesmo ao lado da secretária da Sandra; esta, acto contínuo, levantou-se em teatral pânico, gritando, levando a que a Professora iniciasse também uma tremenda berraria, isto é um petardo, isto já não é uma bombinha de carnaval, isto é um petardo !, logo coadjuvada pelo Duarte que prontamente se levantou, subiu para a carteira e gritava ordens, chamem a polícia !, chamem o porteiro !, é a revolução, atirem-se para o chão !, escondam-se de baixo das mesas !, provocando o caos e absoluta anarquia na sala, o Bispo que corria de um lado para o outro, aproveitando para deitar ao chão os livros que estavam em cima das secretárias, o António A. que iniciou cantares alentejanos, o Marchante que vozeava o célebre Organizem-se !, a Sandra que continuava o simulado ataque de histeria, enfim, a aula terminou por ali mesmo, debandada geral e solidária atrás da professora, que se recusava a continuar sem condições de segurança que evitassem novo rebentamento de petardos, não, coitados dos alunos.
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E daquela outra vez, numa aula de filosofia, logo nos primeiros dias do 10º ano lectivo, em que o António A., depois de pergunta mal compreendida e assim repelida pela Professora, se levanta e - revestido daquele tom escandalosamente cerimonioso e formal, naquela altura em que a maior parte de nós se esforçava por comunicar apenas em calão – lhe replicou: Senhora Doutora (o António nunca dizia “Stora”), não compreendo a sua interjeição; a minha pergunta foi clara, atilada e concisa ! Breves segundos de silêncio, e ouve-se então uma lancinante gargalhada gritada pelo Duarte, logo seguida de aplauso entusiástico ao António A por toda a sala. O diabo é que o DNA iniciou um dos célebres ataques de riso, não conseguindo parar por nada, acabando mesmo por ser posto na rua. A fotografia da expressão dele, tentando pôr-se sério e não rir, para logo rebentar em mais uma gargalhada monumental, é-me inevitável, cada vez que recordo a cena.

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande Guilherme! De facto "those were the days!" Tinhamos uma uma dinamica de Grupo muito interesante...O que explica, aliás, que nos tenhamos sentado ontem em frente um do outro, e eu não sentisse que o último encontro tivesse sido há 15 anos atrás! Grande Abraço. DNA.