Aceitar presidir a uma comissão de celebração dos 75 anos de uma instituição não pode ser uma coisa que se faça de ânimo leve. Deverá, no mínimo, perceber o que é que se celebra.
Uma escola ao celebrar os seus 75 anos não celebra o cimento que lhe dá forma, apesar de, no nosso caso, o do Liceu Filipa de Lencastre, quem lhe deu a forma foi um notabilíssimo arquitecto. É justo, nesse ponto, fazer todas as referências a Jorge Segurado, e falar na Casa da Moeda, falar no Técnico, falar no INE e no bairro do Arco do Cego. E, obviamente, em Duarte Pacheco Pereira. Mas é um caminho que vale uma conversa animada, sobretudo se fosse com a Senhora Arquitecta Ana Tostões, ilustradissima no tema.
Poderemos, então pensar que um liceu representa a educação, em sentido estrito, e que portanto, os 75 anos de uma casa onde se faz o trabalho de educar, deve festejar a educação, ou seja o conceito de transmissão de saber.
Poderemos, até, pensar que só tem sentido falar numa escola porque houve professores e eles é que são a escola. Obviamente que nesse caso as comemorações se ficariam pelas salas de professores onde, a cada intervalo os professores e professoras se deviam beijocar a parabenezir por serem os sobreviventes dos 50 minutos que acabaram de conquistar na sua luta pelo justo salário e direito a horário zero!
Há uma restante massa anónima, por ventura umas 20 a 30 MIL alminhas que, obviamente cheios de soberba, se acham que são aquilo que tem sentido quando se fala em celebrar uma escola, os alunos e ex-alunos... Será seguramente um pensamento autista e cheio de vontade de engrandecer o curriculum dos alunos, pois desejam carregar esses CV com todos os abraços, as aulas, as memórias, as patifarias, as conversas, os 6 anos de vida que ali viveram. E, imagine-se, as gratíssimas memórias, um afecto sem contrapartida, um amor sem esperar nada em troca.
Apesar de a Associação de Antigos Alunos deste Liceu, sim nós, uns bandidos!, estarmos desde que nos fizemos Associação a alertar para esta data, tendo apresentado propostas, ideias, soluções, colaboração, braços para trabalhar, tivemos sempre um Alguém que fez o que (não) fez e, atenção, pro bono! Carregado e vergado com os trabalhos mil que tem em mãos, o senhor que a foto tão bem ilustra, fez o especial favor de NEGAR desde sempre a participação activa da AAAFL.
Adérito Tavares
Porquê? Objectivamente não faço ideia. Percebo, no entanto, que há, no nosso país um grupo de gentes que admitem que são os únicos detentores das soluções. Estamos onde estamos. Social, politica, educacional e culturalmente. A culpa não é do povo. É de quem devia fazer apenas aquilo para que tem habilidade. Não o que ambiciona colocar no CV.
1 comentário:
O meu comentário, Francisco, é "sem comentários"... para bom entendedor...
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