A Senhora Ministra da Cultura despede o mérito na pessoa da Senhora Doutora Dalila Rodrigues. Todos discordam da sua opção, mas nada a demove, nem a referência avisada do Senhor Presidente da República.
A Senhora Ministra da Cultura, bem como o Senhor Secretário de Estado da Cultura não arranjaram "agenda" para um dia que acontece de cem em cem anos, um centenário. Dizem as más línguas que a razão se prende com a possibilidade de se poder confrontar com as pessoas da cultura de Coimbra bem como com Manuel Alegre.
Quem não merece nada disto é Portugal e Miguel Torga, imensamente maior que alguma vez alguém deste governo um dia será. Torga é "ouvir o marulho", sentir o "negrilho", sentir a rudeza da Trás os Montes, a raiva de ter estado nos 10 de Junho, é viver os diários, é tanto...
Não resisto à força do último verso do Diário que transcrevo:
Coimbra, 10 de Dezembro de 1993
Requiem por mimAproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da Alma.
Morto em todos os orgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu cumprisse como porfiei,
E caísse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.
Honre-se Portugal e a Língua Portuguesa!
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