A memória dos sítios é a da alma de quem lá passa. A justificar este Blog, volta e meia aqui hei-de deixar a notícia de quem passou por este Liceu e as palavras cúmplices dessa confissão. De contemporâneos ilustres, alunos ou mestres, algumas surpresas inesperadas, de que poucos saberão ter sido colegas ou discípulos – mesmo que desfasados na geração.
Pela origem de Escola feminina, ninguém se admirará se predominarem as senhoras…
E hoje aqui deixo Alice Vieira, a autora de muitos dos contos com que nos acordaram a infância. São dela as memórias:
A minha infância, acho que só começou quando entrei no Liceu Filipa de Lencastre e pela primeira vez brinquei com gente da minha idade.
In: Antologia Diferente: De que são feitos os sonhos? Alice Vieira, Areal Editores, 1986, pág. 183
Nos tempos pré-históricos em que andei no Liceu Filipa de Lencastre, tive uma professora de Física, chamada Adelaide Graça, que nos tratava a todas por "monstros". "Ó meu monstro, então tu não vês que isso é um disparate?". "Anda cá, meu monstro, que fizeste um óptimo trabalho!"
“Às vezes levava o requinte ao ponto de nos dar leves palmadas nas mãos com o ponteiro. E o que nós gostávamos dela! E como aquele" monstro" nos aquecia o coração!
Quando lhe cabia a missão de vigiar exames ou de fazer orais, lá vinha o "monstro" para nos fazer sentir à vontade " Vá lá, meus monstros, que só têm mais um quarto de hora!", "Ó meu monstro, eu sei que tu sabes, ora pensa lá bem!".
E aquilo era o suficiente para nos tranquilizar. E o exame corria muito melhor.
In Jornal de Noticias, 27 de Maio de 2007 crónica de Alice Vieira
Os sete anos que passei no Liceu Filipa de Lencastre foram dos melhores da minha vida. Chegava a inventar aulas que não existiam só para poder ficar lá mais tempo.
In Autobiografia, Alice Vieira
Pela origem de Escola feminina, ninguém se admirará se predominarem as senhoras…
E hoje aqui deixo Alice Vieira, a autora de muitos dos contos com que nos acordaram a infância. São dela as memórias:
A minha infância, acho que só começou quando entrei no Liceu Filipa de Lencastre e pela primeira vez brinquei com gente da minha idade.
In: Antologia Diferente: De que são feitos os sonhos? Alice Vieira, Areal Editores, 1986, pág. 183
Nos tempos pré-históricos em que andei no Liceu Filipa de Lencastre, tive uma professora de Física, chamada Adelaide Graça, que nos tratava a todas por "monstros". "Ó meu monstro, então tu não vês que isso é um disparate?". "Anda cá, meu monstro, que fizeste um óptimo trabalho!"
“Às vezes levava o requinte ao ponto de nos dar leves palmadas nas mãos com o ponteiro. E o que nós gostávamos dela! E como aquele" monstro" nos aquecia o coração!
Quando lhe cabia a missão de vigiar exames ou de fazer orais, lá vinha o "monstro" para nos fazer sentir à vontade " Vá lá, meus monstros, que só têm mais um quarto de hora!", "Ó meu monstro, eu sei que tu sabes, ora pensa lá bem!".
E aquilo era o suficiente para nos tranquilizar. E o exame corria muito melhor.
In Jornal de Noticias, 27 de Maio de 2007 crónica de Alice Vieira
Os sete anos que passei no Liceu Filipa de Lencastre foram dos melhores da minha vida. Chegava a inventar aulas que não existiam só para poder ficar lá mais tempo.
In Autobiografia, Alice Vieira
1 comentário:
Isto, sim, é serviço público! Um forte abraço, ó grande LAS!
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