Hoje no DN, que transcrevo (tipo copy/paste):
Prioridade passa pela protecção do montado
Centenas de perus passeiam ao ar livre, num enorme cercado. São de raça autóctone, em tempos aqui criada, e bicam o chão. Não tomam antibióticos para curar constipações e crescem naturalmente, sem químicos na alimentação. Na Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, é tudo assim, biológico. E o cuidado na criação estende-se à transformação e à distribuição.
A aposta faz-se na diversificação e na excelência do produto. Mas aqui há outra prioridade essencial: proteger a biodiversidade. Há que atenuar os danos causados nas espécies e habitats, pois é nelas que assenta todo o negócio.
"Num mundo morto, não há negócio", afirma Alfredo Cunhal Sendim, gestor da propriedade, olhando à volta e enunciando as potencialidades do montado. "Os animais comem as plantas baixas, a árvore pode crescer, dá fruto, sombra e abrigo para outras espécies. E, se não fosse pela beleza e tranquilidade desta paisagem, ninguém gostava de vir para cá. É um habitat muito complexo e rico", afirma, explicando que nada é ao acaso e a gestão é complexa, cartografada e registada.
"Aqui, o montado parece abandonado porque os arbustos estão altos. Ali está mais limpo. Mas, neste lado, os animais podem esconder-se, comer. Ali há pouca matéria orgânica, pois é uma forma de parar as chamas em caso de fogo. Daqui a uns dias isto vai ser o reino dos porcos, que aqui vão ser libertados para comerem as bolotas." A estratégia da empresa Sousa Cunhal foca-se, acima de tudo, na regeneração do montado e na exploração máxima das suas potencialidades. "Sem este sistema de diversidade biológica, vivo e forte, não temos actividade económica.
"Desta herdade alentejana saem hortícolas, enchidos, vinho, cereais, azeite, perus, derivados de ovelhas e cabras. E muito mais. Aposta-se na caça, planifica-se a exploração turística e abre-se a porta a acções de formação e sensibilização. Proteger as espécies de fauna como o gato-bravo, de flora como a orquídea ou um habitat de excelência, como o montado, é mais do que uma preocupação ambiental, é uma imposição ética que resume a filosofia da empresa. A mesma preocupação está subjacente quando se prefere uma forma de sementeira que não revolve a terra e evita a libertação de carbono para a atmosfera, se escolhem raças autóctones ou se utiliza um sistema israelita que mistura os ingredientes que servem de alimento ao gado de forma eficiente. "Temos de encontrar formas de negócio compatíveis com a biodiversidade. Na nossa actuação, temos de pensar nas próximas gerações", diz.
Negócio e biodiversidade. É esta associação de ideias que está subjacente à estratégia da Herdade do Freixo do Meio e que vai ao encontro do conceito que o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) quer fomentar. Por isso, foi assinado ontem um protocolo entre as duas entidades. O Freixo compromete-se a continuar a desenvolver a sua produção de forma biológica, promovendo a eficiência energética e a poupança dos recursos naturais. O Estado, através do ICNB, prestará auxílio técnico, por exemplo, na identificação de acções de gestão que possam constituir-se como medidas compensatórias da perda de biodiversidade.
Parabéns ao nosso estimado colega.
Nota: Também ficamos a saber de onde é que vamos mandar vir o porco para o assar ( isto se algum dia alguém se voltar a lembrar disso).
1 comentário:
Os três manos Sendim não dão à costa, nem por nada... — será que desconhecem este grandioso blogue?...
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